O que são redes neurais

As redes neurais são modelos computacionais inspirados no funcionamento do cérebro humano e estão no centro de muitas inovações da inteligência artificial.

O que são redes neurais
Redes neurais – Imagem Canva

Elas são capazes de aprender padrões a partir de grandes volumes de dados e tomar decisões com base nesses aprendizados.

Sendo amplamente utilizadas em tarefas como reconhecimento de voz, imagens, tradução automática e muito mais.

Neste artigo, você vai entender de forma clara o que são redes neurais, como elas funcionam, seus principais tipos e aplicações.

Introdução às redes neurais

As redes neurais surgiram como uma tentativa de simular, por meio de algoritmos, o modo como o cérebro humano processa informações.

A ideia central é criar sistemas que consigam aprender com exemplos, assim como nós fazemos ao ganhar experiência.

Esse conceito, que hoje impulsiona muitas tecnologias modernas, tem raízes que remontam à década de 1940, mas só ganhou força com os avanços computacionais das últimas décadas.

Graças à disponibilidade de grandes volumes de dados (big data) e ao aumento da capacidade de processamento, as redes neurais se tornaram viáveis e extremamente eficazes.

Introdução as redes reunais
Imagem – Canva

O que inspirou o modelo das redes neurais

O modelo das redes neurais artificiais foi inspirado diretamente na estrutura biológica do cérebro humano.

Nosso cérebro é formado por bilhões de neurônios interligados, que se comunicam entre si por meio de sinais elétricos.

Esse sistema é capaz de aprender, adaptar-se e tomar decisões com base em experiências anteriores.

Os cientistas procuraram replicar esse comportamento criando modelos computacionais formados por unidades chamadas neurônios artificiais.

Cada um desses neurônios recebe entradas, processa informações e gera uma saída imitando, de forma simplificada, a comunicação entre neurônios biológicos.

Por que elas são importantes na inteligência artificial

As redes neurais são uma das bases mais poderosas da inteligência artificial moderna.

Importância das redes neurais
Imagem – Canva

Elas se destacam pela capacidade de aprender com dados de forma autônoma, identificando padrões complexos que seriam difíceis ou até impossíveis de programar manualmente.

Diferente de algoritmos tradicionais, que seguem regras fixas, as redes neurais conseguem generalizar informações e adaptar-se a diferentes contextos.

Isso as torna ideais para tarefas como reconhecimento facial, tradução de idiomas, geração de texto, análise de sentimentos e previsão de tendências.

Como funcionam as redes neurais

Apesar de parecerem complexas à primeira vista, sua lógica pode ser explicada em etapas bem definidas.

Uma rede neural é composta por camadas de neurônios artificiais, que processam informações e transmitem resultados para as camadas seguintes.

Cada neurônio realiza cálculos simples, mas, quando combinados em grandes redes, esses cálculos permitem resolver problemas extremamente sofisticados.

O processo de aprendizado ocorre por meio de ajustes nos pesos das conexões entre os neurônios.

Esses pesos determinam o quanto cada informação de entrada influencia o resultado final.

Ao comparar as saídas produzidas com os resultados esperados, a rede ajusta os pesos automaticamente esse processo é conhecido como aprendizado supervisionado.

Estrutura básica de uma rede neural

Estrutura das redes neurais
Imagem – Canva

A estrutura de uma rede neural artificial é composta por camadas de neurônios interligados.

Essas camadas são organizadas em três partes principais:

  1. Camada de entrada (input layer)
    É a primeira camada da rede. Cada neurônio nessa camada representa uma característica (ou feature) dos dados de entrada por exemplo, os pixels de uma imagem ou as palavras de uma frase.
  2. Camadas ocultas (hidden layers)
    São as camadas intermediárias entre a entrada e a saída. É aqui que ocorrem os cálculos mais complexos e onde a rede aprende a reconhecer padrões. Quanto mais camadas ocultas, mais profunda é a rede o que dá origem ao termo deep learning.
  3. Camada de saída (output layer)
    É a camada final da rede, responsável por entregar o resultado do processamento. Pode ser uma classificação, uma previsão numérica ou outra forma de saída, dependendo do problema que a rede está resolvendo.

Cada neurônio de uma camada está conectado a neurônios da próxima camada, e essas conexões possuem pesos que controlam a força de influência entre eles.

A combinação dos sinais, somada a uma função matemática (a função de ativação), determina o comportamento da rede.

Camadas

As camadas de uma rede neural são a espinha dorsal de seu funcionamento.

Cada uma delas tem um papel específico no processamento dos dados, e sua combinação permite que a rede aprenda e execute tarefas complexas.

Camada de entrada

É onde os dados brutos são inseridos na rede. Cada neurônio representa uma variável de entrada.

Em uma imagem, por exemplo, cada pixel pode ser uma entrada. Essa camada não faz processamento; ela apenas repassa os dados para a próxima etapa.

Camadas ocultas

Essas são as camadas que fazem o trabalho pesado.

Cada neurônio nas camadas ocultas recebe informações da camada anterior, realiza cálculos (aplicando pesos e função de ativação) e envia o resultado adiante.

É aqui que a rede aprende a identificar padrões, correlações e representações mais abstratas dos dados.

Quanto mais camadas ocultas, maior o poder de representação da rede mas também aumenta o risco de sobreajuste (overfitting).

Camada de saída

Essa camada fornece o resultado final da rede. Pode ter um único neurônio, como em previsões de valores numéricos, ou múltiplos neurônios, como em classificações com várias categorias.

O formato da camada de saída depende diretamente do tipo de problema que a rede está resolvendo.

Juntas, essas camadas formam um fluxo de dados contínuo, permitindo que a rede aprenda a transformar entradas em saídas de maneira inteligente.

Principais tipos de redes neurais

Existem diversos tipos de redes neurais, cada uma com arquiteturas e aplicações específicas.

Conhecer as principais categorias ajuda a entender qual modelo é mais adequado para diferentes problemas.

Entre as mais utilizadas estão:

  • Redes neurais feedforward: O modelo mais simples, onde os dados fluem em uma única direção, da camada de entrada para a saída, sem ciclos.
  • Redes neurais convolucionais (CNNs): Especializadas em processamento de imagens e dados com estrutura espacial, são amplamente usadas em reconhecimento visual.
  • Redes neurais recorrentes (RNNs): Projetadas para lidar com dados sequenciais, como texto e séries temporais, graças à capacidade de manter uma “memória” dos passos anteriores.
  • Redes neurais profundas (Deep Neural Networks): Com múltiplas camadas ocultas, essas redes têm alto poder de representação e são a base do deep learning.

Redes neurais feedforward

As redes neurais feedforward são o modelo mais básico e tradicional.

Nelas, os dados seguem um fluxo unidirecional, começando na camada de entrada, passando pelas camadas ocultas e chegando até a camada de saída, sem formar ciclos ou loops.

Esse tipo de rede é utilizado principalmente em problemas de classificação e regressão simples, onde as relações entre os dados são estáticas.

Apesar da simplicidade, elas servem como base para modelos mais complexos.

O treinamento ocorre por meio do algoritmo de retropropagação, que ajusta os pesos das conexões para minimizar o erro entre a saída prevista e a saída desejada.

Redes neurais convolucionais (CNNs)

As redes neurais convolucionais, conhecidas como CNNs, são especialmente projetadas para processar dados com estrutura espacial, como imagens e vídeos.

Elas utilizam camadas convolucionais que aplicam filtros para extrair características locais, como bordas, texturas e formas.

Esse tipo de rede é amplamente usado em reconhecimento facial, detecção de objetos e outras tarefas de visão computacional.

As CNNs conseguem identificar padrões visuais de maneira eficiente, reduzindo a necessidade de pré-processamento manual dos dados.

Além das camadas convolucionais, as CNNs contam com camadas de pooling, que reduzem a dimensionalidade dos dados, e camadas totalmente conectadas, que realizam a classificação final.

Redes neurais recorrentes (RNNs)

As redes neurais recorrentes (RNNs) são projetadas para lidar com dados sequenciais, como texto, áudio ou séries temporais.

Diferente das redes feedforward, as RNNs possuem conexões que formam ciclos, permitindo que informações de etapas anteriores influenciem o processamento atual.

Essa característica possibilita que a rede lembre contextos passados, tornando as RNNs muito eficazes em tarefas como tradução automática, reconhecimento de fala e análise de sentimentos.

Entretanto, as RNNs tradicionais enfrentam dificuldades para lidar com dependências de longo prazo devido ao problema do gradiente desaparecido, o que levou ao desenvolvimento de variantes como LSTM e GRU, que melhoram essa capacidade de memória.

Redes neurais profundas (DNNs)

As redes neurais profundas, ou Deep Neural Networks (DNNs), são aquelas que possuem múltiplas camadas ocultas entre a entrada e a saída.

Essa profundidade permite que a rede aprenda representações hierárquicas dos dados, capturando padrões complexos e abstratos.

As DNNs são a base do deep learning, que tem revolucionado áreas como reconhecimento de voz, visão computacional, processamento de linguagem natural e muito mais.

Com o aumento da profundidade, as redes conseguem realizar tarefas antes consideradas muito difíceis para máquinas.

Por outro lado, redes muito profundas exigem grandes volumes de dados e poder computacional, além de técnicas específicas para evitar problemas como o sobre ajuste e o gradiente desaparecido.

Aplicações práticas das redes neurais

As redes neurais têm sido aplicadas em diversas áreas, transformando a forma como soluções tecnológicas são desenvolvidas e utilizadas no dia a dia.

Elas são capazes de automatizar processos complexos, oferecer insights valiosos e melhorar a experiência dos usuários.

Entre as principais aplicações estão:

  • Reconhecimento facial e biometria
  • Diagnóstico médico assistido por IA
  • Sistemas de recomendação (como em streaming e e-commerce)
  • Processamento de linguagem natural (assistentes virtuais, tradução automática)
  • Análise de dados financeiros e previsão de mercado
  • Veículos autônomos e robótica

Na sequência, vamos explorar com mais detalhes alguns desses usos para entender o impacto real das redes neurais.

Reconhecimento facial e biometria

O reconhecimento facial é uma das aplicações mais visíveis das redes neurais no cotidiano.

Utilizando principalmente redes convolucionais (CNNs), esses sistemas identificam e verificam identidades a partir de imagens ou vídeos.

Essa tecnologia é amplamente usada em smartphones, sistemas de segurança, aeroportos e até em redes sociais para marcar pessoas em fotos automaticamente.

Diagnóstico médico assistido por IA

As redes neurais têm revolucionado a área da saúde ao auxiliar no diagnóstico médico.

Elas conseguem analisar grandes volumes de imagens, como radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas, identificando padrões que podem passar despercebidos por olhos humanos.

Sistemas de recomendação

Os sistemas de recomendação, presentes em plataformas como Netflix, YouTube e Amazon, utilizam redes neurais para analisar o comportamento dos usuários e sugerir conteúdos personalizados.

Essas redes conseguem identificar padrões de preferências e consumo, oferecendo indicações que aumentam o engajamento e a satisfação dos usuários.

Com isso, as plataformas melhoram sua capacidade de reter clientes e maximizar vendas.

processamento de linguagem natural

O processamento de linguagem natural (PLN) permite que as máquinas compreendam, interpretem e gerem linguagem humana de forma útil e significativa.

Redes neurais, especialmente modelos avançados de deep learning, são a base para avanços como assistentes virtuais, tradução automática e chatbots.

Essas redes analisam sequências de texto, entendendo contexto, semântica e até nuances emocionais, possibilitando interações mais naturais entre humanos e máquinas.

Análise financeira e previsão de mercado

As redes neurais são ferramentas poderosas para análise financeira, ajudando a identificar tendências, prever preços de ações e detectar fraudes.

Elas conseguem processar grandes volumes de dados históricos e em tempo real para gerar previsões mais precisas.

No mercado financeiro, essas redes auxiliam investidores e instituições a tomar decisões informadas, reduzindo riscos e otimizando portfólios.

Veículos autônomos e robótica

Redes neurais são fundamentais no desenvolvimento de veículos autônomos, permitindo que carros e drones percebam o ambiente ao seu redor, tomem decisões em tempo real e naveguem com segurança.

Essas redes processam dados de sensores, câmeras e radares para identificar obstáculos, sinais de trânsito e pedestres, possibilitando uma condução mais segura e eficiente.

Como funcionam o treinamento e a aprendizagem das redes neurais

O treinamento das redes neurais é o processo pelo qual o modelo aprende a realizar tarefas específicas, ajustando seus parâmetros internos para minimizar erros.

Esse aprendizado ocorre por meio da alimentação da rede com dados de entrada e saída esperada, permitindo que ela ajuste os pesos das conexões entre neurônios por meio de algoritmos como a retropropagação.

Tipos de aprendizagem nas redes neurais

Existem diferentes tipos de aprendizagem que determinam como as redes neurais ajustam seus parâmetros durante o treinamento:

  • Aprendizagem supervisionada: A rede é treinada com dados de entrada e suas respectivas saídas corretas, permitindo que ela aprenda a mapear as entradas para as saídas desejadas.
  • Aprendizagem não supervisionada: A rede identifica padrões e estruturas nos dados sem rótulos ou respostas pré-definidas, muito usada em agrupamento e redução de dimensionalidade.
  • Aprendizagem por reforço: A rede aprende através de interações com o ambiente, recebendo recompensas ou punições para melhorar suas decisões ao longo do tempo.

Desafios e limitações das redes neurais

Apesar dos avanços significativos, as redes neurais ainda enfrentam diversos desafios que limitam sua aplicação e eficiência.

Entre os principais obstáculos estão o alto custo computacional, a necessidade de grandes volumes de dados para treinamento eficaz, e a dificuldade de interpretar os processos internos das redes conhecido como problema da caixa preta

Há riscos de sobreajuste, quando a rede aprende os detalhes do conjunto de treinamento ao ponto de perder a capacidade de generalizar para novos dados.

Entender essas limitações é essencial para desenvolver soluções mais robustas e responsáveis com o uso de redes neurais.

Problema do gradiente desaparecido

O problema do gradiente desaparecido ocorre principalmente em redes neurais profundas, quando os gradientes utilizados para atualizar os pesos tornam-se muito pequenos ao serem propagados para as camadas iniciais.

Isso dificulta o aprendizado dessas camadas, pois os ajustes necessários para melhorar o desempenho da rede acabam sendo insignificantes, atrasando ou mesmo impedindo a convergência do treinamento.

Esse problema levou ao desenvolvimento de arquiteturas e técnicas específicas, como redes LSTM e funções de ativação ReLU, que ajudam a mitigar o efeito e melhorar o aprendizado em redes profundas.

Perguntas frequentes sobre redes neurais

Nesta seção, respondemos às dúvidas mais comuns sobre redes neurais.

Se você quer entender melhor o que são, como funcionam, suas aplicações e limitações, confira as perguntas e respostas abaixo para esclarecer seus principais questionamentos.

O que são redes neurais de forma simples?

Redes neurais são sistemas computacionais inspirados no funcionamento do cérebro humano, compostos por camadas de neurônios artificiais que processam informações.

Elas aprendem a identificar padrões em dados para realizar tarefas como reconhecimento de imagens, voz e previsão de resultados.

Para que servem as redes neurais?

As redes neurais servem para resolver problemas complexos que envolvem grandes volumes de dados, como reconhecimento facial, tradução automática, diagnósticos médicos, sistemas de recomendação e muito mais.

Elas automatizam processos que antes dependiam exclusivamente da intervenção humana.

Como as redes neurais aprendem?

Elas aprendem ajustando os pesos das conexões entre neurônios durante o treinamento, por meio de algoritmos como a retropropagação e otimização por gradiente descendente.

Esse processo permite que a rede minimize erros e melhore sua capacidade de previsão.

Quais são as limitações das redes neurais?

Entre as limitações estão a necessidade de grandes volumes de dados para treinamento, alto custo computacional, dificuldade de interpretar suas decisões (caixa preta) e risco de sobreajuste, que pode comprometer a capacidade de generalização.

Como começar a aprender sobre redes neurais?

Para começar, é recomendado estudar conceitos básicos de matemática, estatística e programação, além de aprender linguagens como Python e bibliotecas populares como TensorFlow e PyTorch.

Cursos online, tutoriais e projetos práticos são ótimas formas de adquirir experiência.

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Autor

Dllacy Lima

Bacharel em Sistemas de Informação formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). É um profissional apaixonado por tecnologia e inovação. Sempre com um olhar atento à ética e responsabilidade no uso da tecnologia sobretudo da IA.

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